quinta-feira, 13 de outubro de 2011


O dia pode esperar

Difíceis eram os dias 
O barulho vinha de longe
Não podia ser calado
Era barulho e não voz

Difíceis eram os dias 
O barulho vinha de dentro
Sem aviso prévio
Sem pagar entrada

Um esforço absurdo
Tampões, música alta
Nada calava
Nada parava
O barulho tava seco
O barulho tava encalacrado
Seco, grudado, amarrado
Passado
Numa noite longa
De uns dias longos
O barulho foi sumindo
Foi se transformando
O barulho seco
Velho, grudado
Era música agora
Tinha gosto de chocolate
O soco do barulho seco
Não mais batia
O seco do barulho oco
Agora mudo, era bom

Viva o silêncio do barulho que já não existia
Viva o gosto na memória da longa noite
Viva a música que toca em seu lugar
Viva!

domingo, 9 de outubro de 2011

Na noite longa
A música encontra 
Na boca o gosto 



domingo, 11 de setembro de 2011

O choro do final do domingo

Hoje é 11 de setembro de 2011 ... 10 anos do atentado as Torres.
A TV só fala disso e apesar de eu ter passado o dia todo longe dela, nos poucos minutos que me sentei no sofá e fiquei hipnotizada (isso sempre acontece comigo, por isso evito ligá-la) assisti uma reportagem sobre as víuvas afegãs!!!
Eu e meu pai juntos, perplexos com a situação dessas mulheres que após a morte de seus DONOS, os maridos, passam a ser propriedade da famílias dos falecidos ...
Não tem direito a nada, não são nada, não podem nada ... morrem junto com eles ... são fantasmas sobre a Terra árida e fria!
Condenadas vivas a uma existência insípida, inodora e incolor.
Que religião, que cultura, que tristeza ...
Choramos os dois, eu e meu pai!


No seco e árido distante
Vidas mutiladas e contidas
sofrem mudas e me fazem chorar


Boa Noite, pra nós mulheres que podemos decidir sobre o nosso futuro e sobre as pequenas coisas da vida ... e Boa Noite para as que não podem ... por que tem dono e por que tiveram a má sorte de nascer sobre um regime religioso que MUTILA !!!

Noite triste essa minha (mas não tanto quanto a dessas mulheres)

Imagem de sonho (Retomando a poesia)

Começa nos olhos a vontade do beijo
Da altura a boca clama o gosto 
Vem o segundo 
O derradeiro momento 

Os olhos se fecham e a vontade congela 
O passo aproxima e o encontro acontece
Sustenta o segundo 
O explícito momento 

Os olhos abertos despertam a graça 
O sorriso surge no canto das bocas 
Trago o segundo 
Perpetua o momento