sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Para o meu amor ...


De vc eu quero o líquido
O que se espalha e se mete nos vãos 
O que se movimenta como as marés e enche e esvazia
O líquido que flui de dentro, explode, esquenta e entorpece.
O conteúdo. O que me limpa. O que me mistura. 

De vc eu quero o sólido
O que me mantém conectada 
O que me trás a realidade e a possibilidade de germinar
O que é caminho e estrada o que me leva e me deixa e volta pra me buscar
O continente. O que me suja. O que me da contorno. 

De vc eu quero o ar
O que sai dos pulmões e vibra e canta
O que pode estar aqui e num segundo bem pra lá de Bagdá 
O que é brisa e me faz ficar e o que é força e me faz voar
O  incontido. O que muda. O que passeia pelo meu corpo 

E depois do gozo e da terra e da música
Foi pelo imaterial que eu me apaixonei
Pelo que nem conheço e pelo o que ainda está  por vir. 
Pela pausa nas conversas. Pelo sono perdido.
Pela risada sem vergonha e a bobeirada na internet. 
Pela coragem, pelo desejo, pelo ideal.





domingo, 3 de junho de 2012

Só o eco ...

Ainda insisto em ouvir a música que já não se houve mais. No quarto vazio o eco me acompanha. O eco, um sapo e uma tatuagem.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A força do Universo é soberana !!!!!!!!

Me rendo ...

terça-feira, 27 de março de 2012

Maré Cheia by Guillermo Alvarez

Não quero esse mar daqui dentro
Quero outro


Na tábua das marés 
Tem um que não é esse 


Quero vento forte
Vela cheia e mar revolto 


Nas mãos a vontade
No olhar a saudade
Da constelação que já perdi 


Grão por grão a história avança 
E eu debruçado no convés da minha alma 
Ajudo a maré a encher 

quinta-feira, 13 de outubro de 2011


O dia pode esperar

Difíceis eram os dias 
O barulho vinha de longe
Não podia ser calado
Era barulho e não voz

Difíceis eram os dias 
O barulho vinha de dentro
Sem aviso prévio
Sem pagar entrada

Um esforço absurdo
Tampões, música alta
Nada calava
Nada parava
O barulho tava seco
O barulho tava encalacrado
Seco, grudado, amarrado
Passado
Numa noite longa
De uns dias longos
O barulho foi sumindo
Foi se transformando
O barulho seco
Velho, grudado
Era música agora
Tinha gosto de chocolate
O soco do barulho seco
Não mais batia
O seco do barulho oco
Agora mudo, era bom

Viva o silêncio do barulho que já não existia
Viva o gosto na memória da longa noite
Viva a música que toca em seu lugar
Viva!

domingo, 9 de outubro de 2011

Na noite longa
A música encontra 
Na boca o gosto 



domingo, 11 de setembro de 2011

O choro do final do domingo

Hoje é 11 de setembro de 2011 ... 10 anos do atentado as Torres.
A TV só fala disso e apesar de eu ter passado o dia todo longe dela, nos poucos minutos que me sentei no sofá e fiquei hipnotizada (isso sempre acontece comigo, por isso evito ligá-la) assisti uma reportagem sobre as víuvas afegãs!!!
Eu e meu pai juntos, perplexos com a situação dessas mulheres que após a morte de seus DONOS, os maridos, passam a ser propriedade da famílias dos falecidos ...
Não tem direito a nada, não são nada, não podem nada ... morrem junto com eles ... são fantasmas sobre a Terra árida e fria!
Condenadas vivas a uma existência insípida, inodora e incolor.
Que religião, que cultura, que tristeza ...
Choramos os dois, eu e meu pai!


No seco e árido distante
Vidas mutiladas e contidas
sofrem mudas e me fazem chorar


Boa Noite, pra nós mulheres que podemos decidir sobre o nosso futuro e sobre as pequenas coisas da vida ... e Boa Noite para as que não podem ... por que tem dono e por que tiveram a má sorte de nascer sobre um regime religioso que MUTILA !!!

Noite triste essa minha (mas não tanto quanto a dessas mulheres)